Programa Vem Viver soma esforços ao GDF para combate à violência nas escolas

Programa Vem Viver soma esforços ao GDF para combate à violência nas escolas

A ações fortalecem o diálogo para o combate ao bullying nas escolas de Ceilândia

Hoje, 7 de abril, é o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A data foi criada em 2016 com o objetivo de chamar a atenção para os problemas causados pelo bullying e estimular o debate e a reflexão sobre o tema. O bullying é  “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.

O combate ao bullying e outras formas de violência infantojuvenil é objetivo do Programa Vem Viver – Juntos pela Proteção da Vida, que tem como finalidade o fortalecimento da proteção da criança e do adolescente de Ceilândia e de mais quatro municípios de diferentes regiões brasileiras, em caráter piloto. Para tanto, o Programa realiza um diagnóstico dos estudantes em situação de risco, assim como realiza treinamentos para docentes, estudantes, famílias e comunidade. O Programa Vem Viver ainda envolve uma rede de apoio para atendimento dessas crianças e adolescentes.

No âmbito escolar, o objetivo é capacitar os professores e a equipe pedagógica para implantação de ações de discussão, prevenção e orientação para solução do problema. 

Intervenção nas escolas

Lançado em Brasília em 29 de outubro de 2021, com foco na Região Administrativa de Ceilândia, o Programa Vem Viver – Juntos pela Proteção da Vida é desenvolvido em cinco escolas. É uma iniciativa da Secretaria Nacional da Criança e do Adolescente (SNDCA), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Governo do DF. É gerido pela IECAP – Agência de Transformação Social, que conta com com apoio da Secretaria de Educação, Secretaria de Juventude, da Secretaria de Desenvolvimento Social, da Administração Regional de Ceilândia, do CRAS, do CREAS, do Ministério Público e de instituições privadas.

O Programa Vem Viver atua em três frentes: identifica território com altos índices de violência, integra a rede que compõe o Sistema de Garantia de Direitos e intervém para a redução dos riscos de violência infantojuvenil propondo uma metodologia para qualificar atores-chave em Ceilândia e formar uma grande rede de agentes de proteção, a fim de garantir os direitos de proteção à vida do público infantojuvenil.

Atualmente, no DF, é desenvolvido em cinco  escolas parceiras: o CED 11, o CEF 35, o CEF PMRGS, a EC 65 e a EC 12. O Programa já realizou formações com 168 professores e estima atender 4 mil estudantes. 

Para a secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, o Programa Vem Viver chegou em um momento muito oportuno. “Esta iniciativa do Governo Federal em parceria com o GDF está em sintonia com as ações da Secretaria de Educação e dos demais órgãos envolvidos no plano de combate à violência”. 

Na Escola Classe 12 de Ceilândia, o Programa promove uma experiência muito rica tanto para os alunos como para os professores. Alessandra Lemes, diretora da Escola Classe 12 de Ceilândia, destaca o engajamento dos docentes. “Estou há 12 anos na direção dessa escola e os professores estão encantados com todo o cuidado e carinho que o Vem Viver tem trazido para dentro da escola, tanto no material de apoio disponibilizado como nas dinâmicas propostas para desenvolvimento das atividades com os alunos, e o que tenho percebido é que essa troca tem sido muito rica aberto a oportunidade de diálogo para que possamos trabalhar questões familiares, emocionais e cívicas”, aponta.

Já para a pedagoga da equipe especializada de apoio da Escola Classe 65 de Ceilândia, Elin Mary, a chegada do Vem Viver na unidade evidenciou a importância do vínculo e do diálogo entre equipe, alunos e família. “Quando se cria um vínculo, abre-se o caminho para a aprendizagem. A partir de um vínculo de confiança entre aluno e professor, a gente percebe que eles se abrem não somente para compartilhar coisas pessoais, mas se abrem inclusive para aprender e até mesmo obedecer mais em sala de aula e assim influenciar outros alunos”, avalia.

No Centro de Ensino Fundamental 35 de Ceilândia, o Vem Viver tem envolvido os estudantes e trazido à tona questões importantes que precisam ser discutidas, mas que antes não eram tão debatidas. “Eu fiquei realmente impressionada de ver como os jovens têm vivido cada vez mais cedo situações de violência e abuso, mas não conseguem abrir essas vivências”, pontua a professora Jeanne Neri, do CEF 35.

No Centro de Ensino Fundamental Professora Maria do Rosário Gondim da Silva, a situação se repete. A professora Alessandra Barros relata que está “impressionada com a recepção dos alunos ao Programa. Eles realmente se envolvem nas dinâmicas e têm compartilhado vivências e pontos de vista que nos permite trabalhar em sala de aula questões que eles levarão para a vida. Dinâmicas simples, porém com muito poder de reflexão, abrem para nós, professores, oportunidades de conscientizá-los sobre violência, cidadania, assédio e tantas outras questões que são muito sensíveis e que por vezes só falamos diante de um problema já instaurado”, afirma.

Plano de emergência contra a violência

O Plano de Urgência pela Paz nas Unidades Escolares do Distrito Federal, anunciado pelos secretários de Educação, Hélvia Paranaguá, e de Segurança Pública, Júlio Danilo, deverá ser concluído até o dia 27 de abril e implementado até 6 de junho. O objetivo da iniciativa é coibir a onda de violência nas unidades de ensino da rede pública do DF.Apesar de não fazer parte do Plano de Urgência e Paz nas Escolas, a secretária afirma que dialogar sobre o bullying e a violência é de suma importância. “Nós temos que buscar as causas que levam uma criança, um adolescente, a ter um comportamento violento no ambiente escolar. Muitas vezes, a origem está fora da escola. E ninguém melhor para dialogar com o estudante do que o próprio professor, que convive com ele e tem condições de perceber com mais rapidez uma mudança de comportamento. E esse diálogo vai para além do ambiente escolar e reflete na família”, afirma.